Nasci em uma família muito simples, meu pai era operário da indústria de tecelagem e minha mãe dona de casa. Minha casa era inacabada e meu pai vivia em uma promessa constante de que iria construir a casa dos sonhos. Como essa casa nunca foi terminada por falta de recursos , ela tinha os problemas típicos de uma obra inacabada: vergalhões expostos e enferrujados, laje sem impermeabilização, inúmeras infiltrações, paredes sem reboco e por ai vai.
E meu maior passatempo quando criança era imaginar como essa casa seria reformada! Nessa época sonhava em ser astronauta e cabeleireira, mas as minhas brincadeiras envolvia muito desenho, ficar montando a casa da Barbie com o que tinha a mão (livro era a cama, a cadeira era uma casa de dois andares rsrs) e ficar fazendo contas para saber quanto precisava para comprar os móveis do folheto das Casas Bahia para a minha casa.
Nessa época nunca nem tinha ouvido falar sobre arquitetura, não era algo que passava no programa da tarde na TV e nem algo que se falava na escola.
Cresci, mudei dessa casa e fui para outras tão precárias quanto essa: parede só no reboco, sem piso, infiltrações, bairros perigosos e sem saneamento básico. E chegou a hora de escolher o que estudaria na faculdade, porque apesar de pobre, uma coisa que minha mãe nunca abriu mão é que estudássemos, meu tênis era furado, mas meu lápis de cor era Faber-Castell 36 cores, pura ostentação!
Comecei a pensar em coisas que gostava de fazer e o que pagasse bem, aquela altura já sabia que passar necessidade no futuro estava fora de cogitação! Mas todas as profissões nas quais me identificava pagava pouco, oh tristeza!
Por fim decidi segui meu coração e fazer algo que me identificasse, mesmo que não pagasse tão bem, nessa época estava indecisa entre jornalismo, design gráfico e desenho industrial. Mas ainda não conformada, continuei pesquisando e cheguei em arquitetura, lia e lia sobre a profissão e entendia muito pouco, mas tinha a ver com desenho e o salário era melhor que minhas outras escolhas, então resolvi arriscar.
Nota: Você que está se decidindo sobre uma profissão, decida pelo que você ama e vai se dedicar, pois não há nada pior do que fazer algo que você odeia, mesmo por muito dinheiro. Dinheiro não compra paixão!
No primeiro dia de faculdade não sabia o que esperar, não sabia o que era arquitetura, não conhecia nenhum arquiteto e não sabia muito bem o que fazia. Só sabia que não poderia desistir se fizesse uma escolha errada, era bolsista e não teria uma segunda chance.
Mas amei a faculdade e tudo que aprendi, realmente me encontrei! A cada ensinamento lembrei de todas as minhas brincadeiras na infância que se resumia em sonhar com ambientes e novos lugares e como aquilo me anestesiava da minha dura realidade. Hoje continuo aprendendo e amando sonhar com ambientes onde as pessoas possam viver com conforto e alegria.
Para você que também está na fase de escolher uma profissão, meu conselho é: se observe e veja o que ama fazer, acredite em você e no seu potencial. Mas se você diz “Ah mas eu amo jogar video game, amo música, mas isso não dá dinheiro!” saiba que nada dá dinheiro, tudo precisa ser conquistado com muito esforço e dedicação! Você pode ser um excelente Design de Games ou modelador de ambientes 3D ou até um professor de musica ou um especialista em acústica, as possibilidades são infinitas, só não desista do seu sonho e nem de você!